30 maio Derramento de óleo no golfo e o pré-sal. Vale o risco?
Na boa pessoal, por mais cético e ateu que um sujeito seja, não há como negar que certas coisas parecem um aviso muito claro. O badaladíssimo acidente no Golfo do México que derrama oléo no nosso lindo Oceâno Atlântico é um desses avisos.
De forma alguma queremos tocar as trombetas do apocalipse, mas, ano passado publicamos um texto sobre as desvantagens do pre-sal onde colocamos de forma detalhada os custos envolvidos na empreitada e alternativas para um uso melhor dessa quantidade colossal de dinheiro.
Com o acidente que ocorreu com a British Petroleum e poderia ocorrer com a nossa Petrobras, porque não? Devemos repensar mais uma vez a questão desse modelo energético do milênio passado.
Olhemos os fatos:
PETROBRAS | BP | |
---|---|---|
Fundação | 1953 | 1909 |
Faturamento | U$105bilhões | U$246bilhões |
Lucro Líquido | U$17bilhões | U$17bilhões |
Empregados | 74.240 | 92.000 |
Sede | Rio de Janeiro, Brasil | Londres, Inglaterra |
Podemos ver pela tabela acima que a BP é uma empresa bem mais antiga (teoricamente com mais conhecimento), que fatura mais que o dobro da Petrobras (teoricamente com mais recursos) e que possui sua sede em um país teoricamente muito ecológico, a Inglaterra do Príncipe Charles, que é um dos maiores ativistas ambientais do mundo. Presume-se com isso que a BP tenha um cuidado com a ecologia tão grande ou maior que o da nossa estatal.
E mesmo com todos esses fatores e mil recursos tecnológicos, estão tentando entupir o poço com “tiras de borras e bolas de gole” como pode-se ver no artigo da Reuters. Se a catástrofe não fosse tão séria, isso seria uma piada muito engraçada. Quem sabe Tiger Woods não queira ajudar nessa questão doando algumas bolas de golf.
Vamos fazer clarear nossa mente com mais uns dados
Evento: | Exxon Valdez | BP - Golfo do México |
---|---|---|
Local: | Alaska - USA | Golfo do México - USA |
Volume: | 250.000 barris | 100.000 barris por dia |
Custo de limpeza: | U$3bilhões (valor nominal não atualizado) | U$1bilhão (aproximadamente até 30 de maio de 2010) |
Área envolvida: | 28.1000Km2 | 24.000Km2 |
Tempo estimado de limpeza | 30 anos | ??? |
Morte de aves marinhas: | entre 100.000 e 250.000 | 34.000 até o momento |
Mapa Google: | Mapa para o Exxon Valdez | Mapa para o Golfo do México |
Os impactos de um desastre como esse são muito fortes. No caso do Exxon Valdez bilhões de ovos de salmão e outros peixes foram destruidos, causando um impacto devastador no ecossistema e na indústria de pesca.
Na última reunião sobre o clima em Copenhague, a COP-15, nós brasileiros e o resto do mundo criticou bastante a China e o USA, pela falta de compromisso com o clima. A questão é que dar pedrada nos outros é muito fácil, mas, nenhum de nós habitantes da Tupinicópolis está disposto a abrir mão do dinheiro fácil do óleo sujo em favor de um mundo mais habitável. Afinal, ainda não vi nenhuma ONG grande ou político proeminente se posicionar contra a nossa exploração do pré-sal, pelo contrário, estão todos esfregando as mãos.
Vale o risco?
Com certeza não vale o risco. Basta pensar um pouco a longo prazo. Imagina se um acidente como esse acontece, e nós arrasamos cidades maravilhosas como Rio de Janeiro, Buzios, Arraial do Cabo. Isso tem um valor incalculável. Temos muitas alternativas a extrair esse petróleo do fundo do mar.
A Petrobrás mesmo poderia ser a líder mundial em energia alternativa. Basta um pouco de coragem e pioneirismo para conseguir isso. Características que faltam em uma empresa que diz que: “O desafio é a nossa energia”. Temos um desafio imenso com as novas fontes de eletricidade e uma tremenda falta de energia por parte da nossa estatal número 1.
Lista de referências:
Desastre do Golfo e dados das tabelas:
- http://en.wikipedia.org/wiki/BP_Gulf_of_Mexico_oil_spill
- http://en.wikipedia.org/wiki/Exxon_Valdez_oil_spill
- http://en.wikipedia.org/wiki/BP
- http://pt.wikipedia.org/wiki/Petrobras
Mari
Posted at 20:24h, 23 setembroConcordo plenamente com voce. Tambem estou muito triste com o ocorrido, e espero do fundo do coraçao que o mesmo nao ocorra na costa brasileira com a tao almejada extração do pré-sal. Adoro seus textos. esta de parabens