29 ago A ineficiência na engenharia civil e o aeroporto de Berlim
A ineficiência na engenharia civil é real e não adianta ficar com raiva da Alezzia, pois, quem fez essa declaração foi a THE ECONOMIST, uma das revistas mais respeitadas do mundo.
Nós suspeitávamos disso, pois, uma amiga nossa que trabalhou em uma mega farmacêutica disse que no manual de construção deles havia a seguinte norma para obter o custo de uma obra:
1) Faça uma planilha de tudo o que a obra vai gastar
2) Coloque uma margem de segurança
3) Pegue o resultado de cima e multiplique por 2
Ela disse que participou de várias e a regra acima funcionava muito bem no mundo real.
O Brasil está abarrotado de obras avacalhadas com destaque para a transposição do Rio São Francisco, Angra 3 e a Ferrovia Norte-Sul, mas, a lista é longa.
A novidade foi o detalhamento que a revista fez sobre o novo aeroporto de Berlim. Foca na cidade… É Berlim na Alemanha e não Lagarto no Brasil. Trata-se da eficiência germânica.
Somente o projeto levou 15 anos e as obras iniciaram em 2006 para serem inauguradas em 2010. A meta era transformar a instalação no símbolo mais reluzente da reunificação alemã.
A ineficiência na engenharia civil em FAST FORWAD >>
Estamos em 2017 e não há previsão para a inauguração do aeroporto.
Segundo o seu porta voz: Apenas pessoas que fazem uso de drogas podem fornecer qualquer garantia firme quanto a abertura do terminal.
Durante esses anos foram identificados mais de 66 mil erros de construção.
Entre as falhas destaque para 90Km de cabos instalados errados e 4.000 portas com numeração incorreta.
O resultado do teste do sistema de incêndio foi tão catastrófico que sugeriram que 800 pessoas baratas fossem espalhadas pelo aeroporto para ficarem vigiando algum início de fogo.
Com tudo isso o orçamento passou de 2 bilhões de euros para 12 bilhões de euros e mais um presidente dessa sinuca de bico acaba de renunciar.
Ainda segunda a Economist 90% dos projetos de infraestrutura do mundo estão atrasados ou acima do orçamento.
E até empresas como a Apple sofrem com isso, pois, sua sede high tech atrasou 2 anos e custou 2 bilhões de dólares a mais do que o previsto.
Um comentário muito interessante que recebemos na nossa página do facebook foi esse aqui que reproduzimos para você:
“A construção civil é uma indústria onde tudo era pra dar certo, mas tenho certeza que foi onde Murphy desenvolveu sua teoria (lei).
O produto não vai até o montador (como um carro), mas o montador é que vai até o produto. São envolvidos milhares de profissionais pra fazer um produto (obra) única, pois a próxima será diferente. É como fazer uma fábrica de carros pra fabricar apenas uma unidade. Os projetos são feitos pra serem alterados, pois não dá pra fazer protótipo da obra toda pra testar os materiais e o desempenho da edificação. Assim sempre ocorrem interferências não previstas. Depende de materiais dos mais diversos tipos, comportamentos, características que ao serem aplicados, não se comportam como deveriam. Existe a mão de obra artesanal, sujeita a errar mais do que acertar. As etapas construtivas quase sempre se conflitam, o que acaba sempre por um serviço danificar o outro serviço.
Criar um sistema construtivo totalmente padronizado, com peças padronizadas e mão de obra qualificada é possível, mas nunca com o custo e prazo que alguém está disposto a pagar. Aí infelizmente ainda vale a pena correr o risco apelando pros métodos convencionais de construção, projetos e jeito artesanal de construir…” ~ Dario Kourani
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