bandeira americana ponte de aço e o aumento da tarifa de importação

Trump inicia a guerra protecionista. Quais as consequências?

Após as festas pela queda dos impostos no USA o presidente Trump resolve subir as tarifas de importação do aço e do alumínio. É o clássico esquema de uma no cravo e outra na ferradura.

A coisa funcionou no melhor estilo socialista de ser, novela que nós aqui no Brasil estamos muito acostumados a vivenciar. Vamos descrever mais ou menos o quadro…

A indústria do aço americana, que foi pioneira no mundo e ajudou o país a ganhar duas guerras mundiais, anda devastada por diversos fatores que uns acreditam que sejam devido aos países estrangeiros malvados, como é o caso da CNN, e outros acreditam na falta de capacidade da indústria americana em se atualizar.

Nós acreditamos na segunda opção visto que empresas brasileiras conseguiram melhorar muito a gestão de empresas americanas que haviam ficado acomodadas. É o caso de Gerdau que recententemente comprou a Chaparral, Ambev que comprou a Bud e a JBS (apesar dos pesares a gestão deles é boa) que comprou a Swift.

No gráfico abaixo podemos ver como o USA perdeu relevância mundial nesse setor

 

Quando a sua empresa está naufragando e você é um grande conglomerado industrial com influencia política você tem duas opções de escolha para tentar se salvar:

Opção 1: A trabalhosa mas correta – Inovar

Você muda a gestão da sua empresa, investe em novas tecnologias, novos produtos, automação, treinamento e por ai vai. É um processo longo, doloroso, um tanto incerto, mas rende frutos sólidos durante muitos anos.

Opção 2: A fácil mas errada – Subir tarifas de importação

O ser humano no geral é muito pouco pré disposto a aceitar os seus erros. Nós, via de regra, somos o herói da nossa própria história e o outro lado é sempre o vilão.

Os cartolas da indústria do aço americana possuem amplo acesso a Casa Branca, uma vez que boa parte dos eleitores do Trump vieram do Rust Belt que é uma área que sofreu um impacto direto do declínio da indústria do aço e de outras indústrias de modo geral.

Com todo esse acesso e as costas largas devido aos eleitores foi fácil convencer o presidente que eles eram pobres oprimidos e que os outros países eram grandes vilões que fizeram uma espécie de gangue para passar o rodo da indústria de base do Tio Sam.

A história parece que colou com super bonder, pois, Trump emitiu a seguinte declaração:

“People have no idea how badly our country has been treated by other countries. They’ve destroyed the steel industry, they’ve destroyed the aluminum industry, and other industries, frankly.”

Isso nos lembra o livro 50 tons de cinza onde o Trump é a Anastasia se queixando do malvadão do Christian Grey que puniu severamente a indústria do aço americana.

Para acabar com a seção de sado-maso Trump vai subir em 25% as tarifas sobre o aço e 10% as tarifas sobre o alumínio.

Os mais prejudicados são os americanos e os exportadores, mas, não a China

Dessa vez por incrível que pareça o vilão de sempre está isento de culpa nessa novela, pois, a China exporta muito pouco aço para o USA ficando inclusive atrás das exportações do Brasil. Veja o gráfico abaixo.

Grafico de importação de aço pelo USA

Não que a China não quisesse importar, pelo contrário, gostaria muito, mas, o USA já havia imposto sobre elas pesadas barreiras comerciais.

A pancada forte vai ser em Canadá que exporta 88% do seu aço para o USA, Coréia do Sul, México e em nós brasileiros.

Para os chineses a queda nesse volume de 1,96 bilhões de dólares não será muito relevante, mas, para nós brasileiros o impacto nesses 2,57 bilhões será um tremendo sacode nas nossas usinas que já estão há muito tempo respirando por aparelhos.

Como canetadas não criam riqueza, quem vai ter que trabalhar mais para pagar essa conta é o povo americano que vai ver o preço da sua geladeira, carro e apartamento subir graças a essa tarifa.

O que esse aumento gera na prática é uma transferência de riqueza do povo para o governo e para algumas pessoas que se beneficiam diretamente dessa indústria, pois, agora eles estarão livres para subir seus preços sem temer a concorrência de fora.

Repercussão sobre o aumento

Internamente houve uma chuva de reclamações sobre o aumento dessas tarifas. Frases como essa abaixo foram disparadas:

“This kind of tariff, while seemingly targeted, could have widespread implications and likely will result in increased prices of many goods.”
Molly Day, vice presidente da National Small Business Association.

Externamente também houve retorno como o da Electrolux, gigante sueca das geladeiras, que imediatamente congelou os investimentos no USA. Além disso o FMI disse o seguinte sobre a novidade:

“As restrições de importações anunciadas pelo presidente americano podem causar danos não apenas fora dos Estados Unidos, mas para a própria economia americana”
Gerry Rice, porta voz do FMI.

Segundo um economista bastante badalado no USA, Peter Schiff – famoso por sua visão ácida, esse aumento foi bom para os exportadores de aço, pois, eles enviam para o USA bens reais e em troca recebem um monte de papel chamado dólar que é impresso sem limites pelo banco central americano. Segundo ele é uma forma de encerrar a enganação.

Quais as consequências desse aumento?

Primeiramente podemos olhar para o passado quando em 2002 George Bush subiu as tarifas de importação do aço em 30% na mesma medida populista para salvar a indústria e os empregos do USA. Como você pode ver isso foi inútil, pois, não houve retomada na produção desses metais no pais deles.

Não haverá recuperação

Para nós é bastante óbvio que uma das consequências que não vai existir é a recuperação da indústria do aço e do alumínio, pois, isso certamente esta muito mais ligado a capacidade de inovar e retirar burocracias do que a subir imposto.

Aumento da inflação e perda do poder de compra

Subir imposto eleva a inflação, afinal, empresas não fabricam dinheiro, elas precisam repassar custos. Com o repasse dos custos o povo americano vai ter que pagar mais pelos produtos que possuem aço em sua composição, ou seja, uma infinidade deles.

Retaliações internacionais

Para toda ação existe uma reação e em um equilíbrio eco sistema que possui um equilíbrio delicado qualquer pedrada dessas provoca ondas de choque. É bastante provável que outros países imponham barreiras de importação a produtos americanos como forma de compensar esse aumento. Isso é uma notícia amarga para os exportadores do USA.

Aceleração da crise

Entre o aumento de 2002 do Bush e o dia de hoje existe uma diferença abissal. Naquela época o mundo estava se recuperando de uma crise econômica e hoje, segundo boa parte dos economistas – entre eles Peter Shiff, nós estamos na beira de uma bolha épica e qualquer coisa, tipo um aumento de impostos, pode ser a pedrinha que vai fazer a avalanche desabar sobre o mundo.

No geral nós somos contra qualquer essas barreiras comerciais. O que isso faz é isolar a eficiência de um pais da ineficiência de outro. Nós brasileiros sabemos bem disso, pois, apesar de termos todas as riquezas naturais aqui tudo é mais caro que do no resto do mundo, como pode ser visto pelo índice Big Mac da revista The Economist. Isso se deve entre outras coisas ao gigantismo do governo e as enormes tarifas de importação impostas por esse.

Aproveite e veja como é que o castelo de cartas do setor imobiliário está se formando no USA.

 

 

 

Alezzia
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Indústria de móveis de aço inox com sede no Rio de Janeiro

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