20 nov Pré-sal nosso erro estratégico e suas desvantagens.
Em um passado era comum encontrar um Geosauro e um Anhanguera o famoso pterosauro voador. Foi o feliz período do Cretáceo, onde a terra era absolutamente ecológica e toda a energia consumida provinha de fontes renováveis. Desse período nos restaram algumas coisas muito interessantes; dentre as quais podemos citar o celacanto nosso peixe múmia vivo, os fósseis que fazem a felicidade dos paleontólogos e o petróleo. Desses presentes acima o último é sem dúvida o maior presente de grego. E os gregos devem gostar do Brasil, pois, recebemos um presentaço deles; uma vasta área de extração que agora está na boca do povo com o nome de pré-sal. Enquanto muitos brasileiros já esfregam as mãos e freneticamente atritam o indicador no polegar pensando na gaita que vamos fazer jorrar dos confins do Oceano Atlântico, talvez seja importante analisar a coisa por um outro ângulo.
O Pré-Sal é totalmente poluidor
O oléo brasileiro é a nossa caixa de pandora negra. E nós estamos abrindo ela sem ter a noção de que todos os males do mundo estão lá. Vejamos os itens abaixo:
- O petróleo envolve seríssimos riscos ambientais, a qualquer momento uma gerinconça daquelas pode explodir e poluir uma vastidão de mar, praias, rios, etc. Arruinando incontáveis vidas marinhas e estragando a vida de quem vive do mar (Atualização: Isso foi totalmente vidência, pois, escrevemos antes do acidente do golfo)
- Os combustíveis fósseis são um karma: gasolina e diesel já passaram em muito do tempo da aposentadoria.
- Os plásticos provevientes são o karma 2. Sem um programa de reciclagem vivemos uma época que tudo vai para o lixão. E nossos galantes recicladores tem que recorrer a importação de rejeitos por falta de matéria-prima (9). Parabéns àqueles que importaram o lixo e aos exportadores da Inglaterra, estão prestando um grande serviço ao Brasil, sem eles essas empresas de reciclagem teriam que fechar por falta de insumos. Quem deveria ser investigado e castigado são os nossos dirigentes que permitiram essa situação rídicula acontecer.
- Toda a operação da coisa é insustentável, muita energia gasta para lá e para cá, muito equipamento importado, muitos riscos as pessoas envolvidas. Trabalhar com energia eólica, biomassa, solar ou das marés é algo bem mais tranquilo.
- Vamos investir bilhões em uma tecnologia do século XX recauchutada. Seremos iguais àquelas empresas que tentaram aprimorar a lâmpada a gás para concorrer com a lâmpada elétrica de Thomas Edison. O que é mais orgulhoso para nós? Ser o último dinossauro extinto ou o primeiro mamífero a povoar a terra?
O petroleo não vai jorrar de graça
Para nós da tupinicópolis vermos a cor desse petróleo jorrando em nível industrial, vamos precisar colocar uma soma de recursos estratosférica, afinal, é uma parafernália extremamente cara e complexa para executar essa atividade. Segundo o jornal Valor, algo em torno de U$110 bilhões de dólares.(1)
Alternativas verdes para esse valor :
- 36.500 turbinas eólicas da GE de 1,5MW (10) por U$3milhões de dólares cada, gerando um total de 55GW de eletricidade sem alagar nem um penico sequer.(2)
- Se nossos dirigentes acharem que é melhor criar mais lagos, poderíamos comprar 12 usinas hidroelétricas iguais a de Santo Antônio e gerar uns 38GW de capacidade elétrica.(3)
- Poderiamos comprar a própria Siemens que custa U$82bilhoes e ainda sobraria um troco para levar a Enercon que é outra potência no setor de energia eólica.(4)
- At last but not least podiamos comprar cincoenta plantas da Acciona, as da foto acima, incluindo transferência de tecnologia para geramos eletricidade apartir do sol+água. Cada planta com a capacidade de 500MW perfazendo um total de 25GW, sem desalojar um só miquinho de nossas florestas, uma vez que essas plantas são construidas em áreas desérticas. (11)
E quanto às matérias-primas?
E se os céticos falarem: “Mas isso não serve porque não queremos somente energia, queremos matérias primas para a nossa indústria química.” Excelente! Nesse caso podemos pegar esse dinheiro e alavancar de uma vez por todas a nossa alcoolquímica que até a chegada do plástico verde da Braskem (5) só servia para fazer a movimentação dos nossos carros flexs e deixar uma galera encachaçada. Tudo isso é muito bacana, mas, podemos fazer muito mais com o etanol. Lembro que um professor da Escola de Química da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro) um dia nos perguntou o seguinte: “Se vocês tivessem que levar um único composto para uma ilha deserta, qual composto vocês levariam?” E a resposta é o etanol, pois, apartir do etanol se faz praticamente tudo na química orgânica.
Além do etanol temos outras possibilidades boas como o uso do nosso gás natural que é queimado diariamente. Podemos usar ele para fazer o etileno e dai o polietileno (6). Podemos ainda ressussitar o combalido xisto e torná-lo menos poluente (7), apesar de ele estar um pouco fora de moda, as reservas deste mineral no Brasil estão praticamente intocadas.
Como disse Delfin Neto, o Pré – Sal é uma agenda do século 20, e nós estamos no século 21.(8)
Nossa sugestão para o pré-sal
O melhor dos mundos seria fazer extrações limitadas, mais com o intuito de desenvolver a tecnologia e percorrer a curva de aprendizado, deixando a real exploração da caixa de pandora por conta dos nossos netos, que serão pessoas bem mais capacitadas do que nós para tomar essa decisão. Fazendo isso hoje, devido a nossa falta de tecnologia e mentalidade, podemos estar cometendo um erro irreparável para o nosso planeta.
E com a mega montanha de dinheiro que seria investido nessa aventura, nós nos tornariamos a potência inconteste da energia renovável.
Leia agora o texto sobre o derramamento no Golfo do México e deixe uma opinião! Estou triste! Ninguem nunca me deu uma opinião sobre esse texto, ou me chamou para uma entrevista em um periódico qualquer! Deu trabalho escrever isso, sabia?
Referências
- Valor Economico – http://www.valoronline.com.br/?impresso/politica/99/5794954/1/presal-exige-petrobras-gigante
- Preço de Turbinas – http://www.metaefficient.com/renewable-power/worlds-largest-wind-turbine-order-2-billion.html
- Preço das Usinas hidroelétricas do Rio Madeira – http://pt.wikipedia.org/wiki/Usina_Hidrel%C3%A9trica_Santo_Ant%C3%B4nio
- Valores da Enercon – http://www.zoominfo.com/Search/CompanyDetail.aspx?CompanyID=17367463&cs=QFBCQGnh0&IndustryBin=ENERGY&Product=turbine&page=1&companyDesc=turbine
- Plástico Verde Braskem – http://www.braskem.com.br/site/portal_braskem/pt/conheca_braskem/desenvolvimento/plastico_verde/pesquisa_e_desenvolvimento.aspx
- Etileno – http://en.wikipedia.org/wiki/Ethylene
- Xisto – http://en.wikipedia.org/wiki/Oil_shale
- Entrevista do Delfin Neto – http://www.eagora.org.br/arquivo/pre-sal-e-a-agenda-do-seculo-20-nao-do-21/
- Importação de lixo para o Brasil – http://oglobo.globo.com/cidades/mat/2009/07/23/minc-vai-investigar-importacao-ilegal-de-lixo-para-brasil-756948232.asp
- Preço de mercado da Siemens – http://quotes.stocknod.com/stocknod/?Page=QUOTE&Ticker=SI
- Projeto Acciona de energia solar: http://www.rechargenews.com/energy/solar/article196022.ece
Gabriel
Posted at 23:13h, 13 setembroConcerteza tudo faz sentido, muito boas suas alternativas “verdes”.
Estou fazendo um trabalho para uma feira de ciências na minha escola e fico muito feliz de ver pessoas que fazem um bom trabalho como este.
Keep working !