23 ago O que a Petrobras deveria aprender com a privatização da Eletrobras
A privatização da Eletrobras nos remete a uma pessoa conhecida nossa que tinha um velho Nokia 5110 na época que ele já estava começando a ficar ultrapassado. Essa pessoa recebeu uma proposta para vender o telefone, mas, por uma questão de apego emocional não conseguiu se desfazer e achou que era melhor continuar com o aparelho.
Poucos anos depois um amigo de família em uma visita achou o velho telefone, já bastante obsoleto, e mandou aquela piada clássica de humor negro: “Isso aqui é pior do que Aids, porque Aids você ainda passa para alguém, isso aqui você não consegue passar para ninguém.”
Hoje nós vemos a Petrobras como um Nokia 5110 descendo a ladeira. Ainda dá tempo de passar ela, mas, somente se for agora, pois, se esperarmos mais ela vai ficar igual a piada do telefone.
O governo federal acaba de anunciar que vai privatizar a Eletrobras e o mero anúncio, que na verdade significa pouco, fez o preço das ações subirem 49% em um único dia. Do nada R$9 bilhões foram gerados. É impressionante como o mercado tem total aversão a presença do governo no que quer que seja. Ele é um tipo de Rei Midas invertido, ou seja, tudo o que toca definha.
O relógio corre contra a Petrobrás
O petróleo sem dúvida já foi um bom negócio há 50 anos atrás, hoje, ele está fazendo hora extra. Estima-se que entre 70 e 80% do petróleo do mundo é gasto em transporte e geração de eletricidade. A má notícia para a Petrobrás, e ótima noticia para o mundo e as pessoas, é que um exército de pesquisadores está freneticamente procurando o santo graal das baterias.
O que bateria tem a ver com petróleo?
Nós explicamos… Atualmente o grande empecilho para a venda massiva de carros elétricos é a bateria que gera baixa densidade energética, como é chamado no jargão técnico, ou seja, é preciso um peso grande de baterias para movimentar um carro. Enquanto o diesel e a gasolina possuem alta densidade energética, o que faz você rodar muito com pouco peso.
O salto nas baterias não é uma questão de se, mas, sim de quando. O dia que isso acontecer o número de veículos elétricos, atualmente na casa de 1% no USA, vai dar um salto quântico e o consumo de petróleo um mergulho olímpico.
Quando esse mergulho acontecer a Petrobras não vai passar de um monte de sucata para ser vendida e mais alguns prédios para serem alugados. E nós, os brasileiros, teremos tomado um ferro deslumbrante de bilhões e bilhões de reais investidos a fundo perdido no chamado “Pré-sal”.
Para você ter uma ideia de como isso é sério, a BP, antiga British Petroleum, agora se chama Beyond Petroleum (Além do Petróleo), porque os gringos sabem que o óleo está com os dias contatos e não querem que essa bomba exploda na mão deles.
A privatização da Eletrobrás
A privatização da Eletrobras foi sensacional, até porque o próprio presidente admite que 40% dos chefes da estatal são vagabundos. Contudo, se nós tivéssemos o poder de escolha, a Petrobrás deveria ter ido primeiro, pois, a eletricidade é algo que nem se cogita a substituição em um horizonte de longo prazo, com isso, é muito provável que daqui a 30 anos nós estejamos usando componentes movidos a eletricidade, já o petróleo, em 30 anos deve ser uma espécie de máquina de datilografia.
O anúncio da privatização foi feito, e exceto pelos comunistas mais radicais, todos aplaudiram a decisão. O governo federal deveria aproveitar o sucesso e botar para a frente a Petrobras enquanto ainda tem alguém interessado.
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